Andreia Angst
Acerca de
Revolução dos Côcos - A história da primeira revolução ecológica
A revolução dos Côcos e a Justiça Social
Angst, Andreia*
O documentário aborda um momento histórico que envolve aspectos geográficos, políticos, de luta armada e sustentabilidade. A narrativa abordada no audiovisual relata a luta de uma população na Ilha de Bougainville (PNG - Oceania) por um território e sua autonomia nos anos 80. O ato revolucionário deu origem ao que se denomina a primeira revolução ambiental com uma série de confrontos armados onde os nativos, a partir dos conhecimentos pertencentes a cultura local, se fortaleceram e organizam em enfrentamentos a empresa mineradora e ao governo de Papua Nova Guiné apresentando os aspectos negativos que a mineração estava produzindo no local. A extração dos minérios desconstruiu a organização social dos moradores, interferiu na cultura local, poluiu rios, alterou a paisagem cultural sem cumprir com os combinados de contrapartida social. O isolamento da ilha provocou um novo movimento desenvolvendo um sistema energético a partir de fonte hídrica, resgatou conhecimentos a respeito de técnicas de sobrevivência associados aos conhecimentos de botânica. E numa perspectiva de sobrevivência, retornam ao que a natureza lhe oferece e descobrem novas maneiras de ressignificar os meios ambientais do território por uma questão de sobrevivência abarcando aspectos sociais e políticos. Nessa perspectiva, o conceito de Justiça Ambiental no recorte histórico de Bougainville se apresenta na desigualdade social entre a empresa mineradora, o governo de PNG em relação aos moradores locais. O fato de haver um movimento que isola economicamente o local de confronto é outro aspecto de opressão e tentativa de dominação em posição de supremacia que correlaciona o fato ao conceito além dos processos de degradação ambiental que ali foram praticados. As narrativas apresentadas no documentário não possuem estudos validados por uma sociedade científica no momento do ato nos anos 80, mas são legitimados por seus relatores que com recursos naturais e com o movimento de reconhecimento de pertencimento social, comprovam ser possível a autossuficiência e o perpetuar de sua comunidade, sem causar grandes impactos ambientais.
*Discente disciplina Ciência, Tecnologia, Ambiente e Política – 2022-2. Pós Graduação em Educação Ambiental com Ênfase na Formação de Professores - IFSC - Instituto Federal de Santa Catarina -
A migração campo – cidade e a monocultura no Brasil
Angst, Andréia*
Na perspectiva de um sistema econômico que visava o progresso rumo ao primeiro mundo o incentivo a saída do campo para a cidade foi um movimento que marcou o cenário econômico dos anos 60 e 90 no Brasil (período e pós ditadura militar) o êxodo rural. Somos todos imigrantes na concepção de territorialidade no contexto histórico e os processos migratórios não só contribuíram para uma transformação na paisagem cultural, mas também no linguístico e no ambiental. Reflexos não tão positivos dessa migração são percebidos se analisados o desenvolvimento de um grande centro como por exemplo a cidade de São Paulo onde, por estímulo de campanhas publicitárias e com promessa de mais recursos e acesso a vida moderna, inúmeros nordestinos migraram para a grande metrópole mesmo desprovidos de formação ou capacitação colocando-os em posições a mercê do nivelamento cultural gerando o apagamento de suas culturas sob condições precárias já que os centros urbanos não estavam preparados para receber o grande fluxo.
Nesse vazio o campo ganha novos donos, novas políticas agrárias e uma monocultura por opção econômica. No cenário agrícola além de nossos rearranjos geográficos há também o movimento de mecanização nos processos de cultivo e colheita dispensando a mão-de-obra local e assim deslegitimando a necessidade do homem do campo no campo. A monocultura enquanto produto fonte de recursos e poder para uma especulação econômica externa corrobora para esse desiquilíbrio social que acaba por punir o nativo em sua atividade (muitas vezes desesperada), migratória. Uma produção que não justifica um consumo no território nacional como autossustentável e sim como commodities e um rentoso investimento que se resume em uma forma de produção em completa ausência ambiental esgotando o solo e seus recursos gerando um desiquilíbrio biológico e também social.
*Discente disciplina Educação, Meio Ambiente e Saúde 2022-2. Pós Graduação em Educação Ambiental com Ênfase na Formação de Professores - IFSC - Instituto Federal de Santa Catarina -